quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um Coração Missionário: Calçar as sandálias da missão


“Quem tem uma verdade jamais se cala” O coração humano é considerado a sede dos sentimentos, das emoções e da consciência. É ele que tem a grande função de empresariar o governo e administrar nosso ser. Dele recebemos a alegria da vida, o sangue, por meio da artéria aorta. Qual não é a missão deste grande sopro de vida. Este respeitante órgão nos solicita e se alegrar-se quando “entramos em seus aposentos, convidamos a fechar a porta e a orar ao Pai. Este que vê a sinceridade de nossa oração nos recompensa publicamente” (Mt 6, 6-8). O coração do missionário tem esta metodologia e nos impulsiona a calçar as sandálias da missão. Como nos diz George Peters: “o mundo está muito mais preparado para receber o Evangelho do que os cristãos para propagá-lo”. “Quem tem uma verdade jamais de cala”.

Na sua etimologia missão vem do latim “mittere” enviar e “missus” enviado. Logo o missionário é um mensageiro com uma incumbência, tarefa, obrigação, encargo a ser cumprido. No dizer de Paulo de Coppi: “ser missionário não é uma prerrogativa, um privilégio nem uma simples nota característica que a Igreja oferece a alguém, mas é sua própria razão de ser”. “Missão é uma resposta ao plano do Pai, que determinou a forma de realizar a salvação” (Paulo de Coppi). Daqui se entende as palavras de Jesus “Ide por todo o mundo e fazei discípulos meus” (Mt 28, 19). Dentro deste espírito podemos depreender o que a Igreja nos pede na V Conferência do Episcopado Latino Americano e Caribe. Ela nos alerta a não ter medo, pois “a fé em Jesus, como o Filho do Pai, é a porta e o caminho para a Vida” (n.101). Como discípulos e missionários de Jesus, confessamos nossa fé com palavras de Pedro: “Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68); “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16) (ibid). Ficam bem aqui as palavras Bill Gothard quando assevera: “Uma mensagem preparada numa mente alcança uma mente; uma mensagem preparada numa vida alcança uma vida”. Jesus é a mensagem e a vida, o Evangelho de Deus (Mc 1,1). “Quem tem uma verdade jamais se cala”.

O documento de Aparecida é composto de 10 capítulos, divididos em 3 partes (1.ª a vida de nossos povos hoje; 2.ª a vida de Jesus Cristo nos discípulos missionários; 3.ª a vida de Jesus Cristo para nossos povos) contendo 554 números. Seu objetivo convida-nos a sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo para que n’Ele nossos povos tenham vida. O lema reforça o que se quer dizer. Jesus é o nosso mapa, cajado, bússola, espada e destino certo, vale dizer: “é o caminho a verdade e a vida” (Jo 14, 6).Em toda a sua metodologia pedagógica o documento nos ensina a termos alegria de sermos missionários e, consequentemente, a buscar neste sentimento a felicidade, o contentamento, a satisfação e o júbilo de sermos os convidados para trabalharmos na “messe do Senhor, como operários” (Mt 9, 37-38). Como nos diz Martin Luther King: “Quem não tem uma causa pela qual morrer não tem motivo para viver”. Por isso, queremos ser testemunhas, mesmo que isto nos custe a vida (At 1,8). “Quem tem uma verdade Jamais se cala”.

Nossa alegria tem uma segurança e podemos ver isso no documento: “O Senhor nos disse: “não tenham medo” (Mt 28,5). Como às mulheres na manhã da Ressurreição nos é repetido: “Por que buscam entre os mortos aquele que está vivo”?” (Lc 24,5). Os sinais da vitória de Cristo ressuscitado nos estimulam enquanto suplicamos a graça da conversão e mantemos viva a esperança que não defrauda. O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devemos empreender, mas todo o amor recebido do Pai, graças a Jesus Cristo pela unção do Espírito Santo (n. 14). O Evangelho é nossa segurança. “Quem tem uma verdade jamais se cala”

Portanto “nossa alegria, baseia-se no amor do Pai, na participação no mistério pascal de Jesus cristo que, pelo Espírito Santo, faz-nos passar da morte para a vida, da tristeza para a alegria, do absurdo para o sentido profundo da existência, do desalento para a esperança que não engana. Esta alegria não é um sentimento artificial provocado num um estado de ânimo passageiro. O amor do Pai nos foi revelado em Cristo que nos convida a entrar no seu Reino. Ele nos ensinou a orar dizendo “Abba, Pai” (Rm 8,15; cf. Mt 6,9) (n. 17). Nisto consiste nossa fé no Espírito de Cristo que nos leva à missão e quanto mais próximos estivermos d’Ele mais nos tornaremos missionários com maior intensidade. Assim nos assegura Henry Martin. “Quem tem uma verdade jamais se cala”. Pense nisso.

Côn. Dr. Manuel Quitério de Azevedo
Professor do Seminário Arquidiocesano de Diamantina e da PUC-MG/ Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina

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