A Paz de Jesus queridos Sentinelas!
Estamos vivendo um Tempo de Graça e benção em nossa Igreja, estamos na Quaresma!
A Igreja nos propõe Jejum, Oração e Esmola para este 40 dias que antecedem a Pascoa, onde nosso Senhor nos dá sua Maior Prova de Amor em uma Cruz.
Para que nós possamos entender um pouco melhor este tempo de Reflexão e conversão, vamos megulhar nas Sábias palavra de Felipe Aquino que nos fala da importancia deste momento.
A Igreja chama o jejum, a esmola e a oração de “remédios contra o  pecado”; pois cada uma dessas atividades, a seu modo, nos ajudam a  vencer o maior mal deste mundo, o pecado. A oração nos fortalece em  Deus; a esmola (obras de caridade) “cobre uma multidão de pecados”; e o  jejum fortalece o nosso espírito contra as tentações da carne e do  espírito e nos liberta e abre para os valores superiores da alma.   
“Ordenai um jejum” (cf. Jl. 1, 14). São as palavras que ouvimos  na primeira leitura da Quarta-feira de Cinzas, quando começa a Quaresma.  O jejum no tempo quaresmal é também a expressão da nossa solidariedade  com Cristo, preso, torturado, flagelado, coroado de espinhos, condenado à  morte, crucificado e morto. 
Ao jejuar devemos concentrar-nos não só na prática da abstenção  do alimento ou das bebidas, mas no significado mais profundo desta  prática. O alimento e as bebidas são indispensáveis para o homem viver,  disso se serve e deve servir-se, mas não lhe é lícito abusar, seja da  forma que for. O jejum tem como finalidade nos levar a um equilíbrio  necessário e ao desprendimento daquilo que podemos chamar de “atitude  consumística”, característica da nossa civilização.  
O homem orientado para os bens materiais, muitas vezes, abusa  deles. Hoje, busca-se, acima de tudo, a satisfação dos sentidos, a  excitação que disso deriva, o prazer momentâneo e a multiplicidade cada  vez maior de sensações. E isso acaba gerando um vazio no coração do  homem moderno; pois sem Deus ele não pode se satisfazer. O barulho do  mundo e o prazer das criaturas não conseguem preencher o seu coração.  
A criança hoje (e também muitos adultos) vive de sensações,  procura sensações sempre novas... E torna-se assim, sem se dar conta,  escrava desta paixão atual; a vontade fica presa ao hábito, a que não  sabe se opor.  
O jejum nos ajuda a aprender a renunciar a alguma coisa. Ele nos  faz capazes de dizer “não” a nós mesmos, e nos abre aos valores mais  nobres de nossa alma: a espiritualidade, a reflexão, a vontade  consciente. Essa prática nos coloca de pé e de cabeça para cima. Há  muitos que caminham de cabeça para baixo; isso acontece quando o corpo  comanda o espírito e o esmaga. É o prazer do corpo que o comanda e não a  vontade do espírito.  
É preciso entender que a renúncia às sensações, aos estímulos,  aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas, não é um fim em si  mesmo, mas apenas um “meio” que deve apenas preparar o caminho para  conquistas mais profundas. A renúncia do alimento deve servir para  criar em nós condições para podermos viver os valores superiores. Por  isso o jejum não pode ser algo triste, enfadonho, mas uma atividade  feliz que nos liberta. 
Os Padres da Igreja davam grande valor ao jejum. Diz, por  exemplo, São Pedro Crisólogo (†451): “O jejum é paz do corpo, força dos  espíritos e vigor das almas” e ainda: “O jejum é o leme da vida humana e  governa todo o navio do nosso corpo” (Sermão VII: sobre o jejum, 3.1).  
Santo Ambrósio (†397) diz: “A tua carne está-te sujeita (...):  Não sigas as solicitações ilícitas, mas refreia-as algum tanto, mesmo no  que diz respeito às coisas lícitas. De fato, quem não se abstém de  nenhuma das coisas lícitas, está também perto das ilícitas» (Sermão sobre a utilidade do jejum, III. V. VII).  Até escritores que não pertencem ao Cristianismo declaram a mesma  verdade. Esta é de alcance universal. Faz parte da sabedoria universal  da vida.  
O Mahatma Gandhi dizia: 
“O jejum é a oração mais dolorosa e também a mais sincera”. “Cada  jejum é a oração intensa, purificação do pensamento, impulso da alma  para a vida divina, a fim de nela se perder”. “O jejum é para a alma o  que os olhos são para o corpo”. (Toschi, Tomas – Gandhi mensagem para hoje, Editora mundo 3, pag. 97, SP, 1977). 
O jejum confere à oração maior eficácia. Por ele o homem  descobre, de fato, que é mais “senhor de si mesmo” e que se tornou  interiormente livre. E se dá conta de que a conversão e o encontro com  Deus, por meio da oração, frutificam nele.  
Assim, essa atividade não é algo que sobrou de uma prática  religiosa dos séculos passados, mas é também indispensável ao homem de  hoje, aos cristãos do nosso tempo.  
A Bíblia recomenda muito o jejum, tanto o Antigo como o Novo  Testamento; Jesus o realizou por quarenta dias no deserto antes de  enfrentar o demônio e começar a vida pública; e muito o recomendou. “Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum” (Mt 17,20).  
“Boa coisa é a oração acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos” (Tb 12,8). 
O nosso jejum deve ser acompanhado de mudança de vida, de  conversão, de arrependimento dos pecados e volta para Deus. O profeta  Isaías chamava a atenção do povo para isso: 
"De que serve jejuar, se com isso não vos importais? E  mortificar-nos, se nisso não prestais atenção? É que no dia de vosso  jejum, só cuidais de vossos negócios, e oprimis todos os vossos  operários”. Passais vosso jejum em disputas e altercações, ferindo com o  punho o pobre. Não é jejuando assim que fareis chegar lá em cima vossa  voz. O jejum que me agrada porventura consiste em o homem mortificar-se  por um dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar sobre o saco e a  cinza? Podeis chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor? Sabeis  qual é o jejum que eu aprecio? - diz o Senhor Deus: É romper as cadeias  injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e  quebrar toda espécie de jugo" (Is 58,3-6). 
Cada um de nós tem a própria individualidade; por isso, cada um  deve realizar a forma de jejum que mais lhe seja adequada.
Felipe Aquino



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